A língua me fotografa.
Revela com sua tinta
Minha alma feita em palavra.
Aquilo que sinto pinta.
Eu sou o que vira frase.
O tanto que sai na língua
Escapa e ao mundo dá-se.
O resto aqui dentro míngua.
Desenho em palavra escrita
Um mapa, torto caminho
Para que (Deus não permita!)
Não morra eu aqui sozinho.
O verso me denuncia,
A todos diz ao que vim;
Só sobrevive em poesia
O que escapa de mim.