segunda-feira, 8 de setembro de 2008

De como o amor, contrário à morte, mata

"Se se morre de amor..."

Amor é feito doença
Que afeta o coração:
Só mata depois que passa
De saudade e solidão.

Doença estranha o amor:
A gente não sofre na hora.
O pior sintoma, a dor,
Só surge depois da cura.

Amor contamina a gente
No ar, na rua, num gesto.
Quem pega fica doente
Escravo sob cabresto.

Aquele que o mal empreste
Nem sempre é do mal tomado;
Não vê o que faz a peste
Ao pobre ali do seu lado.

Amor é faca afiada
Que a alma bem fundo corta,
De que a pessoa amada
Só se livra quando morta.

Amor é fogo e é frio
É vida e também é morte
Depende se choro ou rio
De ser amado ter sorte.

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