quarta-feira, 17 de setembro de 2008

Retrato

A língua me fotografa.
Revela com sua tinta
Minha alma feita em palavra
Aquilo que sinto pinta.

Eu sou o que vira frase,
O tanto que sai na língua,
Escapa e ao mundo dá-se,
O resto aqui dentro míngua.

Desenho em palavra escrita
Um mapa, torto caminho,
Para que (Deus não permita!)
Não morra eu aqui sozinho.

O verso me denuncia,
A todos diz ao que vim,
Só sobrevive em poesia
O que escapa de mim.

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