Tarefa das mais árduas a que tenho,
Igual em força às do Heleno Herói;
Fustiga, açoita, insulta, arranha e dói
Como se no ombro houvesse o Santo Lenho.
Viver assim é como estar no inferno
Ou navegar num mar de desventuras;
Amar e derramar-se em mil juras
E ter de volta só desprezo eterno.
Assim é o amor que me definha
Após o fim de cada uma rodada:
Mais um fracasso no final do jogo.
Pior é que a tristeza que eu tinha
Um dia após já está cicatrizada
E eu torno a amar mais forte o Botafogo.
sexta-feira, 28 de setembro de 2007
Madrugada fria
A lua semi-nova como guia
Clareava meu caminho lá do alto;
Atrás, a sombra – muda! – me seguia
A arrastar-se submissa no asfalto.
Para espantar o medo e o vento frio,
Cerrei em volta os braços por muralha
Do corpo. Que ambos davam-me arrepio
E me cortavam a alma qual navalha.
Sentia-me a mercê de algum mal súbito
Perigo aos que desafiam a madrugada
Que engana e esconde em sombra o ferro em brasa.
Já me via estirado em decúbito
Antes que se encerrasse essa jornada
E chegasse enfim a salvo a minha casa.
Clareava meu caminho lá do alto;
Atrás, a sombra – muda! – me seguia
A arrastar-se submissa no asfalto.
Para espantar o medo e o vento frio,
Cerrei em volta os braços por muralha
Do corpo. Que ambos davam-me arrepio
E me cortavam a alma qual navalha.
Sentia-me a mercê de algum mal súbito
Perigo aos que desafiam a madrugada
Que engana e esconde em sombra o ferro em brasa.
Já me via estirado em decúbito
Antes que se encerrasse essa jornada
E chegasse enfim a salvo a minha casa.
segunda-feira, 24 de setembro de 2007
Meus olhos
Os meus olhos te engolem
E te falam mais que a fala
Tenho olhos tagarelas
E os lábios de bengala
Os meus olhos te abraçam
E te pegam descarados
Tenho olhos que são braços
E os meus braços vendados
Os meus olhos te perseguem
E te alcançam a mil léguas
Tenho olhos corredores
Mas as pernas estão cegas
O meu jeito mentiroso
Não esconde os meus fracassos
Pois meus olhos são sinceros
Mostram a alma em pedaços
E te falam mais que a fala
Tenho olhos tagarelas
E os lábios de bengala
Os meus olhos te abraçam
E te pegam descarados
Tenho olhos que são braços
E os meus braços vendados
Os meus olhos te perseguem
E te alcançam a mil léguas
Tenho olhos corredores
Mas as pernas estão cegas
O meu jeito mentiroso
Não esconde os meus fracassos
Pois meus olhos são sinceros
Mostram a alma em pedaços
Alcova eterna (leito inebriante)
Alcova eterna
O que é a morte enfim: é fim ou recomeço?
É ponte? É passo? É salto? É vôo? É tudo ou nada?
É precipício? É céu? É cais? Beco ou estrada?
Será que é nada mais que vida pelo avesso?
Quem é essa mulher que espreita e se insinua;
Atrai se é dos outros fugaz namorada,
Em quem ninguém resiste a dar uma espiada
Quando se oferece fácil, quase nua?
Libidinosa, lúbrica, insaciável,
Se leva à alcova eterna um, quer outro amante,
Por isso fogem dela como o diabo à cruz.
A não ser quando isso se torna inevitável.
Deitar-se-ão com ela em leito inebriante
Todos. Pra sempre enfim quando ela apaga a luz
O que é a morte enfim: é fim ou recomeço?
É ponte? É passo? É salto? É vôo? É tudo ou nada?
É precipício? É céu? É cais? Beco ou estrada?
Será que é nada mais que vida pelo avesso?
Quem é essa mulher que espreita e se insinua;
Atrai se é dos outros fugaz namorada,
Em quem ninguém resiste a dar uma espiada
Quando se oferece fácil, quase nua?
Libidinosa, lúbrica, insaciável,
Se leva à alcova eterna um, quer outro amante,
Por isso fogem dela como o diabo à cruz.
A não ser quando isso se torna inevitável.
Deitar-se-ão com ela em leito inebriante
Todos. Pra sempre enfim quando ela apaga a luz
sábado, 22 de setembro de 2007
Soneto pré-operatório!
Hemograma completo
De súbito, senti que a alma ia
Célere ao céu e ia o corpo ao óbito!
Sem forças já por causa da anemia
Que me empalidecia os hematócritos.
Mal me agüentava em pé não são falácias! –
Dormia sem querer a cada esquina!
Sem perceber, diluíam-se as hemácias
E o ferro fugia à hemoglobina.
A cada exame aumentava o drama
Que era pior a cada hemograma
E nada de se estancarem os danos.
Mas para descobrir qual era a gangue
Que andava á noite a me roubar o sangue
Restava ao médico olhar-me pelo ânus.
De súbito, senti que a alma ia
Célere ao céu e ia o corpo ao óbito!
Sem forças já por causa da anemia
Que me empalidecia os hematócritos.
Mal me agüentava em pé não são falácias! –
Dormia sem querer a cada esquina!
Sem perceber, diluíam-se as hemácias
E o ferro fugia à hemoglobina.
A cada exame aumentava o drama
Que era pior a cada hemograma
E nada de se estancarem os danos.
Mas para descobrir qual era a gangue
Que andava á noite a me roubar o sangue
Restava ao médico olhar-me pelo ânus.
Soneto após derrota injusta do Botafogo!
Injustiça
Terreno fértil às injustiças é
O futebol. Nele a falta de sorte
Põe a perder num lance a glória e até
Leva à loucura, ao desespero, à morte.
Não basta ser um time o melhor:
Há que se ter fortuna e alguma ajuda
Divina, extra-campo, ou só
Um bandeirinha que sozinho muda
De um campeonato todo o resultado,
Ao não seguir a lei do impedimento,
Ou dar um pênalti que inexistiu.
Resta a quem perde a dor de ser lesado
Como eu confesso e grito: não agüento!
Vá, juiz, pra puta-que-o-pariu!
Terreno fértil às injustiças é
O futebol. Nele a falta de sorte
Põe a perder num lance a glória e até
Leva à loucura, ao desespero, à morte.
Não basta ser um time o melhor:
Há que se ter fortuna e alguma ajuda
Divina, extra-campo, ou só
Um bandeirinha que sozinho muda
De um campeonato todo o resultado,
Ao não seguir a lei do impedimento,
Ou dar um pênalti que inexistiu.
Resta a quem perde a dor de ser lesado
Como eu confesso e grito: não agüento!
Vá, juiz, pra puta-que-o-pariu!
Outro soneto de CTI
Seiva bruta
O que é o ser humano sem a rica
Seiva que lhe cobre o corpo inefável
E a toda parte a vida comunica
E força leva a tudo incansável?
Como viver sem água? Assim, sem ela,
A vida perde a luta, e deixa a terra
(motor sem combustível, nau sem vela)
O corpo aos poucos perde o gás e emperra.
Já quase secos, agonizam os rios,
Encalham impotentes os navios –
Em redor espalham-se sinais da cruz
Assim é o corpo sem sangue, sem tinta –
Ele que com a cor da vida pinta
E ao homem são cobre com a sua luz.
O que é o ser humano sem a rica
Seiva que lhe cobre o corpo inefável
E a toda parte a vida comunica
E força leva a tudo incansável?
Como viver sem água? Assim, sem ela,
A vida perde a luta, e deixa a terra
(motor sem combustível, nau sem vela)
O corpo aos poucos perde o gás e emperra.
Já quase secos, agonizam os rios,
Encalham impotentes os navios –
Em redor espalham-se sinais da cruz
Assim é o corpo sem sangue, sem tinta –
Ele que com a cor da vida pinta
E ao homem são cobre com a sua luz.
domingo, 16 de setembro de 2007
Boas-vindas!
Amigos e leitores,
Neste espaço, emitirei opiniões diversas sobre assuntos que me interessam. Fiquem à vontade para palpitar - a favor ou contra! - a hora que quiserem.
Prazer em tê-los comigo já que este espaço é também seu.
Abraços,
Zé Arnaldo.
Neste espaço, emitirei opiniões diversas sobre assuntos que me interessam. Fiquem à vontade para palpitar - a favor ou contra! - a hora que quiserem.
Prazer em tê-los comigo já que este espaço é também seu.
Abraços,
Zé Arnaldo.
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