terça-feira, 6 de novembro de 2007

Liberdade eterna

A poesia é livre como um náufrago numa ilha deserta.
Pode fazer tudo o que quiser, mas não tem a quem contar.
Se alguém não chega à ilha, o poema, para ouvir o que ele tem a dizer
Lá ficará para sempre, preso à sua liberdade eterna.
A poesia é um condenado que já cumpriu sua sentença, mas não deixa sua cela por não ter quem vá buscá-lo.
Podem prendê-lo em cárceres estéticos,
Amarrá-lo em correntes formais,
Exilá-lo em torres de marfim;
Nem assim o verso deixa de ser livre,
Porque ele escorre por entre as grades do poema
Quando alguém o lê. Dele se solta e sobe ao limbo
Onde a alma do leitor e a poesia encontram-se
Ambos libertos de seus calabouços, cárceres, celas – o corpo e o poema.
A poesia é o encontro de duas almas – a do poeta e a do leitor – sem que os dois saibam desse encontro.
A poesia é um pássaro, uma flor, um barco à vela; o poema, o céu, o jardim, o mar.

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